Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. A coluna também permanecerá em aberto para que nossos colaboradores possam trazer pautas livres, caso o ritmo de lançamentos não seja satisfatório.
LANÇAMENTOS/PAUTA LIVRE
Por Vinícius Cabral
“A MÁQUINA DE GUERRA É GLAMORIZADA”
Chega a época das listas de melhores do ano, e já deu pra ver que Noname vai tomar uma rasteira.
Responsável pelo melhor álbum gringo de hiphop do ano, a rapper de Chicago foi longe demais. Meteu o dedo na cara do próprio funcionamento do sistema. Se reivindicou como socialista, anunciando isso ao longo das faixas, e botou o status quo da indústria cultural estadunidense na mira. Para agravar sua situação, esteve no centro de uma polêmica envolvendo o Jay Eletronica. O rapper de News Orleans tem sido cancelado por uma horda virtual (especializada em “performance progressista”) que o acusa de antissemitismo e de propagação do “supremacismo negro". O fato de Jay ter chutado o balde em algumas letras (nada perto do que anda fazendo Kanye, diga-se) não ajuda. Mas tenho para mim que a birra tem mais a ver com alguns de seus versos na obra-prima Balloons, deste impressionante álbum Sundial*.
Na canção, Jay chama Zelensky de palhaço, enquanto diz ser recrutado por Louis Farrakhan - líder do polêmico grupo Nation Of Islam. Independente do que se possa pensar sobre Farrakhan e sua suposta seita, Zelensky é um palhaço, e o ocidente se afoga em seu próprio mar de hipocrisia a cada dia que passa.
Noname não se abstém. Mete o dedo na cara do complexo industrial militar e da propaganda de guerra travestida de entretenimento via Super Bowl. Chama na chincha, como em uma boa diss, Rihanna, Kendrick, Jay Z e Beyoncé, enquanto se coloca também em questionamento por ter aceitado tocar no Coachella. Não sobra para ninguém na canção Namesake - a pedra fundamental do disco.
E Noname sabe traduzir, em música, o que vive em termos de práxis. Fundou um “Clube do Livro” em Chicago, seguindo os passos da mãe, que era dona de uma loja de livros, já falida. A artista canta sobre uma revolução, e leva conhecimento, debate e conscientização a pessoas negras da classe trabalhadora em sua cidade. Em épocas de “separar o artista da obra”, Noname - a Fatimah Warner, para os íntimos - nega completamente a equação. É, como artista, o que é como pessoa.
Dream about revolution, air pollution / Same solution, socialism
Sim Fatimah. Tamo junto.
*O disco já saiu a alguns meses, o que significa que já entrei no modo “Pauta Livre” nesta coluna, até onde der.
Por Márcio Viana
NENHUM PÁSSARO CANTOU
Tá. Eu já tinha fechado minha lista de melhores do ano, pensando em, ao menos uma vez na vida, não deixar para a última hora.
Aí hoje de manhã eu tomo conhecimento do lançamento deste disco com seis músicas, que reúne uma banda de shoegaze, o Nothing, com uma de grindcore, o Full of Hell. Como sou muito chegado a um crossover, a premissa me atraiu para o inevitável play, e lá vou eu editar minha lista e ver quem cai fora entre os 20 melhores.
Como não poderia deixar de ser, as canções de When no Birds Sang alternam entre a calmaria e a raiva, e 2023 foi um ano de muita alternância para que isso passasse batido por mim.
A predominância, no entanto, é do shoegaze, mas as guitarras pesadas e as intervenções do Full of Hell fazem toda a diferença. Não é o disco do ano, mas é um ponto interessante.
Por Bruno Leo Ribeiro
UMA NOITE COM GEDDY LEE
Todo mundo em algum momento descobre qual é a banda da sua vida. Não é algo que você escolhe. A banda te escolhe. Muitas vezes não faz tanto sentido. De vez em quando existe um motivo racional. No meu caso foi uma mistura das duas cosias.
O Rush apareceu pra mim com a música de abertura do Profissão Perigo (do famoso McGayver), quando meu irmão me disse que aquela música se chamava Tom Sawyer da banda Rush. Aquilo ficou guardado como memória afetiva até que nos anos 90 eu tive acesso a MTV e pude ver alguns clipes da banda de diversos períodos.
Só fui me ligar que gostava de Rock Progressivo com meus 13 anos e uma fitinha que chegou em mim com um The Best of Rush que um amigo de escola gravou pra mim. Ali tinha Spirit of Radio, Tom Sawyer (!!!), Anthem e a música que mudou tudo… Limelight.
Pulamos agora para o domingo dia 26 de novembro de 2023, mais conhecido como domingo passado.
Com o lançamento da sua autobiografia, Geddy Lee, baixista e vocalista do Rush, está fazendo uma tour em várias cidades dos EUA e Canada como promoção do seu livro. No ingresso, está incluso o livro e uma noite especial como um talk show. Em cada noite, teve um convidado especial como host/entrevistador.
Na noite em NYC, o ator Paul Rudd (Ant-man) foi o host especial, em Seattle foi o Krist Novoselic do Nirvana. Eu estava na expectativa se aqui em San Francisco seria o Les Claypool do Primus que começou aqui na Bay Area (seria incrível), mas quando começou o evento, me aparece o Matt Cameron do Pearl Jam/Soundgarden. Já comecei a chorar.
A noite foi incrível. O Geddy Lee leu algumas passagens do livro, conversou com o Matt sobre algums momentos da sua biografia e no final, ele respondeu algumas perguntas dos fãs. Foram duas horas pra me lembrar o quanto o Rush é especial pra minha vida. Foi uma noite para viver a maior emoção de um fã. Foi lembrar os motivos dessa banda tão peculiar me escolher pra virar a banda da minha vida.
Lembrando que essa semana, dia 5 de dezembro, estreia no Paramount+, a série chamada “Are Bass Players Human Too?” apresentado pelo Geddy Lee, que conversa com o Krist Novoselic, o já citado Les Claypool, o Rob Trujillo do Metallica e a Melissa Auf der Maur (Hole/Smashing Pumpkins).
Não vejo a hora de me emocionar com o meu querido favorito mais um pouco. Fiquem ligados pra não perder essa super série que parece muito divertida.
Por Brunno Lopez
VIDA SECA
É tempo dos melhores do ano, como bem lembrou nosso amigo Vinny, e quantas surpresas valorosas se apresentam nos últimos dias de 2023.
Não é segredo que Cycles of Pain do Angra, a meu ver, é um dos mais incríveis lançamentos da história da banda desde o Temple Of Shadows.
Aproveitando o ensejo, a anúncio de mais um clipe desse álbum causou reações emocionantes a todos que entraram em contato com essa composição de Felipe Andreoli e a participação icônica de Lenine.
Vida Seca é um passo adiante nos temas tratados pelo grupo, que, além de mover o power metal pra um cenário mais prog, ainda coloca o dedo em turbilhões do cotidiano.
O vídeo é tão imperdível e emocionante quanto o disco.
Chore aqui
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana