Newsletter - Silêncio no Estúdio Vol. 85
8 de Março de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
MINHA NOVA FEBRE DE LUA CHEIA
Gosto de fazer os meus textos da Newsletter bem pessoais e acabo contando sobre meus sentimentos e impressões com os artistas que indico aqui toda semana. Nessa semana não poderia ser diferente.
Entre 1989 e 1999 eu basicamente ouvi apenas Metal. Teve uns 3 anos desse período que eu fui Metaleiro Tru e não tenho vergonha de falar que fui. Melhor reconhecer hoje em dia e dar risada de como eu era ridículo. O tempo foi passando e coisas foram entrando na minha vida. Novos amigos, novas perspectivas e novos artistas. Tive que tirar o atraso e nessa viagem ao passado, nem lembro como, o Tom Petty apareceu.
Na explosão da internet e downloads polêmicos do inícios dos anos 2000, alguns discos do Tom Petty foram parar no meu HD. Dei aquela passada básica nos discos até tocar Free Fallin do disco Full Moon Fever. Opa! Tem coisa aí! O resto é história.
O Full Moon Fever foi o primeiro disco solo do Tom Petty sem a banda Heartbreakers. Talvez ele tenha se inspirado no Bruce Springsteen gravando sem a E Street Band na mesma época. Mas isso não diminuiu a qualidade.
O Tom Petty disse várias vezes que esse foi o disco mais divertido e relaxante que ele gravou na carreira. É um disco de Rock básico. Rock raiz. Rock que tem folk, blues e country. É um disco belíssimo.
O disco conta então com o Mike Campbell na guitarra (que gravou com Deus e o mundo, desde Bob Dylan até a Stevie Nicks), o Jeff Lynne (famoso com o Electric Light Orchestra), tem o George Harrison tocando violão em I Won't Back Down, tem o Roy Orbison fazendo backing vocals na música Zombie Zoo e muito mais.
É um disco que fui ouvir sem muito contexto, mas ele me emocionou demais. Algumas das curiosidades desse disco, fui descobrindo pra escrever aqui na Newsletter e também com informações privilegiadas que recebi do Márcio Viana por mensagem. :)
Não sei exatamente o motivo dele ter entrado em loop nos meus ouvidos nesses dias recentes, mas só sei que me fez um bem danado ouvir esse disco em loop. Espero que faça bem pra você também.
Por Vinícius Cabral
NO DIA DA MULHER, UMA HOMENAGEM À GRANDE RAINHA DO INDIE ROCK ATUAL
É claro que meus plays recentes foram completamente contaminados pelos últimos dois episódios do nosso podcast, que dão sequência à uma incrível imersão no rock nacional. Depois do episódio sensacional do nosso querido Márcio, passei até a entender o quão genial e revolucionário (embora incompreendido) foi nosso grande Raul. Também passei muito por outras referências, como Leno e Lílian, sensacionais.
Mas depois de meses de imersão em nosso próprio quintal, me desviei para o País de Gales (outra nação bastante complexa e contraditória) para debruçar mais fundo sobre a discografia da Cate Le Bon. Quem me acompanha por aqui deve ter visto "de quebrada", ali quietinho no meu ranking de Melhores Discos de 2019, o último trabalho da artista, o Reward. Um disco perfeito, que com certeza merecia uma atenção maior da minha parte em função do clima indie "real" que emana do disco. Falo indie "real" porque não se trata de uma emulação de linguagens já batidas do gênero. A Cate (junto de Mitski, Perfume Genius e Big Thief, entre - poucos - outros) traz a tradição do rock alternativo à contemporaneidade com propriedade e energia. Suas métricas incomuns, guitarras desafinadas e melodias que às vezes beiram o "tosco", além de lembrar bastante outras bandas galesas (como Gorky's Zygotic Mynci e Super Furry Animals), mantém a chama dessa "linhagem" bastante acesa. E a relação não é acidental: Cate colaborou muito tempo com o Gruff Rhys, do Super Furry.
Acontece que resolvi dar uma passeada mais atenta por sua discografia, e fiquei positivamente estupefato. Seus trabalhos carregam essa energia toda que descrevo aí, dando aquele "quentinho" que os órfãos de um rock alternativo potente e "de verdade" tanto procuram hoje em dia. Depois do declínio criativo de Animal Collective, Deerhunter, entre outras, a gente precisa de mais Cates. Ainda que as outras bandas e artistas atuais citados também tenham seu lugar, cada um acenando de sua própria maneira à tradições claras do indie, Cate tem uma esquisitice que é rara e reconfortante.
Destaco bastante seu EP Cyrk II, de 2012, talvez a primeira obra mais consistente de sua curta discografia. A partir daí, vale a pena ouvir todos os outros. O Mug Museum, de 2013, é completamente subestimado. Uma obra prima esquecida aí na lama da atualidade. O mesmo pode ser dito em relação ao Crab Day de 2016, e até em relação ao último, Reward (até foi bem avaliado pela crítica, mas não teve nem 10% do hype que deveria ter tido). Ainda não ouvi o último, Myths 004, colaboração com Bradford Cox, do Deerhunter. A Cate, inclusive, produziu o último disco dos caras. A mulher é requisitada … e competente!
Como estou imerso na discografia e não consigo escolher um disco só pra indicar, vou linkar aí abaixo um de seus clipes mais legais, pra ver se o mosquitinho dessa artista galesa pica vocês igual me picou. Viva a grande Cate Le Bon, proclamada hoje por mim como a "rainha do indie rock atual".
Veja aqui o videoclipe de Wonderful (2016)
Por Márcio Viana
TEMPO DE PREENCHER LACUNAS
Enquanto ouvinte de música, considero possuir algumas falhas que venho tentando corrigir. Uma delas eu conto no final do texto. A outra é a banda que venho correndo atrás de conhecer melhor, que é o Grand Funk Railroad, power trio que em sua formação clássica era formado por Mark Farmer (guitarra e vocais), Don Brewer (bateria e vocais) e Mel Schacher (baixo).
Pra não ter erro, fui num clássico pra começar: o quinto disco do grupo, E Pluribus Funk, o famoso disco da moeda, é impressionante. Como é característico nos power trios, é difícil de acreditar que apenas três caras tirem esse som. Mas é real: com cara de jam session, a impressão que dá é que a banda entrou no estúdio, começou a tocar e só parou quando o engenheiro de som gritou "chega, não cabe mais nada neste lado do disco!"
E Pluribus Funk é um disco para se ouvir inteiro de preferência com tempo livre, para prestar atenção em todos os detalhes, mas certamente o grande destaque é Loneliness, sofrência pesada de oito minutos e quarenta e sete segundos, com participação de orquestra e variações no andamento. Emocionante.
Bom, é isso. Vou seguir na minha jornada corretiva enquanto ouvinte para avançar na obra do Grand Funk Railroad, e revelo a outra lacuna a explorar: Thin Lizzy. A gente fala sobre isso em breve, numa futura newsletter.
Por Brunno Lopez
THE PRETTY RECKLESS MATOU O ROCK
Bom quando não esperamos absolutamente nada de uma banda e ela vem com uma faixa que vale o disco todo. Isso não é um acontecimento recorrente, por isso, demanda uma grande valorização da minha parte.
Coincidentemente ou não, no Dia da Mulher, quem ressoa as cordas vocais entoando canções sob a alcunha da MORTE DO ROCK N’ ROLL, é a incrível Taylor Momsen e sua patrulha do rock alternativo The Pretty Reckless.
O disco soa obscuro em alguns momentos, com elementos que a banda até já explorava ao longo de sua história. Porém, como já salientei no início, existe um ponto alto e impossível de ignorar quando a faixa “Got So High” começa a tocar.
Prepare-se para um repeat doloroso e bonito, como a própria aura da banda exala.
Ouça aqui
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana